5 destinos curiosos ofuscados por seus xarás famosos

Quando o comandante anunciou a autorização de pouso no Aeroporto de Sydney, Liza e Emma, duas britânicas de 19 anos, ficaram eufóricas. Horas depois de um longo voo proveniente de Londres, estavam a um passo das badaladas férias no verão australiano.

Mas a agitação durou pouco. Ao menos, o curto trajeto de desembarque. Depois da segunda ou terceira piadinha, ainda no terminal do “J.A. Douglas McCurdy Sydney Airport”, uma revelação: haviam acabado de pousar em Sidney, capital da Nova Escócia, no Canadá.

Enganos como esse, que levam essas confusões inusitadas de destinos curiosos, são muito mais comuns do que imaginamos. Experimente comprar passagens com desatenção para capital da Rússia e poderá acabar indo para os EUA. Moscow, Kansas! Já ouviu falar?

E Buenos Aires, em Pernambuco? Tailândia, no Pará? Já mergulhou em Bonito, na Bahia? Degustou um pato no tucupi em Belém, na Paraíba? Fez compras em Nova Iorque, Maranhão? Ou você acha que “Paris, Texas” é um filme sobre a capital francesa?

Como nome de cidade não tem patente ou copyright — e cada país as batiza como quer — o número de municípios homônimos (de mesmo nome) é muito alto. No Brasil, por exemplo, dados do IBGE revelam que há 505 municípios com “gêmeos” de nome igual. O campeão é “Bom Jesus”. Há cinco deles: três no Nordeste (PB, PI e RN) e dois no Sul (RS e SC). Muito além da Golden Gate, São Francisco também está bem representada por aqui em quatro estados: SP, MG, SE e PB.

Nos EUA, ninguém dá bola para isso. Springfield — para nós, a eterna cidade-tema dos Simpsons — para os americanos pode se referir também a qualquer uma das 35 cidades diferentes com essa denominação no País. Washington, sobrenome do primeiro presidente americano, é outro bendito por lá. 28 cidades, em 28 estados diferentes. Não estranha os americanos terem por hábito enunciar a cidade seguida do estado sempre que se referem a uma localidade.

Ocorre, no entanto, que com tantos homônimos mundo a fora, lugares famosos terminam por encobrir destinos curiosos menos conhecidos. Mais discretos, são, às vezes, verdadeiras preciosidades, paraísos ou patrimônios da humanidade esquecidos pelo tempo, preteridos por seus xarás em meio a essa confusão.

Nesse post resgataremos cinco destinos incríveis que você jamais achará nas primeiras páginas de uma busca na internet, sem especificá-los bem direitinho. São os ‘homônimos anônimos’, ainda em busca da fama, ou mesmo saudosos de outrora, quando gozavam das benesses da exclusividade. Cinco aventuras para onde vale a pena você “errar a passagem” na próxima viagem!

Destinos Curiosos. Sidney: Austrália ou Canadá?
Um passo em falso e você pode acabar do outro lado do globo

Homônimos Anônimos: destinos curiosos que vivem à sombra dos xarás famosos

La Paz, México

Cordilheiras, altitude, cultura inca, picos nevados, folhas de coca… não dessa vez! Esqueça os altiplanos bolivianos, “vamos a la playa!”

Talvez você nunca tenha ouvido falar desta La Paz, mas saiba que, nas palavras do famoso oceanógrafo francês Jacques Cousteau, esse paraíso tropical da costa oeste mexicana, de grande biodiversidade marinha, jaz aos pés do “maior aquário do mundo”.

Capital da Baja Califórnia do Sur (aquela longa península na costa oeste mexicana), La Paz está ancorada no Mar de Cortez, dentro do Golfo da Califórnia. Suas águas cristalinas banham um número cada vez maior de turistas, hospedes de um paraíso que contrasta os cenários do mar com os do deserto.

Deserto, aliás, só na paisagem, já que La Paz é hoje um destino cosmopolita com uma orla badalada e uma gastronomia à base de frutos do mar bem sortida, dos tacos de peixe às amêijoas achocolatadas.

Copacabana, Bolívia

Nem ouse pensar que os bolivianos pegaram carona na fama da “princesinha do mar”. A Copacabana dos Andes é a original. A carioca, aliás, deve seu nome a ela. Mais especificamente, a uma imagem da padroeira boliviana, N. Sr.ª de Copacabana, que, nos idos do Sec. XVII, veio parar naquela que era então Praia de Sacopenapã. Conhece?

Mas essa é outra história. Copacabana é a principal cidade boliviana no entorno do lendário Lago Titicaca. Lago navegável mais alto do mundo, o belo Titicaca é um dos locais de origem dos Incas e banha a fronteira do País com o Peru. As margens de suas águas azuis, abastecidas pela chuva e pelo degelo da neve dos altiplanos, estão situadas a incríveis 3.820 metros acima do nível do mar.

É de Copacabana que saem os barcos para muitos dos sítios arqueológicos da região e atrações como a famosa “Isla del Sol”, por exemplo. Um dos principais destinos da Bolívia, talvez de toda cordilheira, a porta de entrada do Titicaca é especialmente acessível de ônibus, a partir de La Paz, na Bolívia (160 Km), ou de Puno, no Sul do Peru (145 Km).

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São Petersburgo, EUA

O que é isso, companheiro? São Petersburgo nos EUA? Sim, e na Flórida, a poucos quilômetros de Mickey, Minnie e toda a turma da Disney!

Mas já é assim há muito tempo. Muito antes da Guerra Fria, em 1889, ao estender a estrada de ferro “Orange Belt Railway” até a região, o aristocrata russo Peter Demens prestava uma homenagem à sua terra natal, batizando a região com o nome da antiga capital do Império Russo.

O curioso é que essa “St Pete” não tem nada a ver com a mais famosa. A começar pelo clima. Com uma média de 360 dias de sol a pino por ano, já faturou recordes no World Guinness Book e ganhou o apelido de ”Sunshine City” (A Cidade da Luz do Sol). Situada às margens da Baía de Tampa, é destino de belíssimas praias, algumas entre as melhores dos EUA, conforme publicações especializadas.

Ainda assim, São Petersburgo não vive só de praia. Abriga uma vida cultural de forte apelo internacional. Com instituições como o Museu Internacional da Flórida, o Museu de Belas Artes e, sobretudo, o prédio de arquitetura ousada, em formato de gota d’água, onde está o famoso Museu Salvador Dali — maior acervo de obras do espanhol surrealista fora da Europa.

Menphis, Egito

A primeira coisa que vem à cabeça quando se fala em Memphis é Elvis Presley. Mas, bem antes de Elvis botar o topete para balançar na capital do Tenensee, havia uma Memphis, por sinal, muito mais esplendorosa.

Memphis (ou Mênfis) foi a capital do antigo Egito durante 18 dinastias, cerca de 5 mil anos atrás. Assentada em uma posição estratégica, na embocadura do delta do Nilo, foi fundada pelo Faraó Menes por volta de 3.200 A.C e teria sido a mais gloriosa cidade egípcia até a ascensão de Cairo e Alexandria. Hoje, da cidade, propriamente, pouco sobrou. Mas suas ruínas desvendam seu passado exuberante.

Apenas a 45 minutos de Cairo, Memphis é um bate-volta certo numa ida à capital egípcia. Entre suas atrações, estão o Colosso de Ramsés II, a Esfinge de Alabastro do Rei Tutmósis III e o sítio arqueológico de Saqqara, o mais antigo conjunto arquitetônico funerário egípcio — uma faixa de 6 Km de terra, constituída de pirâmides e mastabas (sepulcros) a perder de vista.

Granada, Caribe

Não tem erro, compre uma passagem para Granada sem pestanejar! Ou você se extasiará com o último bastião da resistência moura na Andaluzia, Espanha, ou vai atracar numa ilha paradisíaca do Caribe. É acertar ou acertar!

A Granada caribenha não é exatamente uma cidade, mas é quase do tamanho de uma. Um pequeno país insular do Mar do Caribe, formado pela ilha de Granada (ou Grenada, dependendo do idioma) e pela metade sul das ilhas Granadinas, a apenas 160 Km da costa venezuelana.

Um alento à alma conhecido – desde os tempos das grandes navegações (Colombo aportou lá em 1498) – como a “Ilha das Especiarias”. Canela, gengibre, baunilha, cravo, noz-moscada, a pequena ilha do Caribe é uma das maiores difusoras desses sabores para o mundo. Uma variedade de aromas em meio a paisagens paradisíacas, praias de água límpida, resorts de alto padrão e pequenas vilas rodeadas de belas construções do séc. XIX de arquitetura colonial inglesa e francesa. Nada mal para uma passagem errada!

Matéria originalmente publicada no site Skyscaner pelo mesmo autor

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Daniel Marinho

Editor do Escriba de Bordo

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Respostas de 2

  1. Já vi a história de um casal que queria passar a lua de mel no Brasil, em Salvador, mas foi parar em El Salvador.

    1. Oi Cíntia! Viu só? E eles eram brasileiros, né? Isso é mais comum do que pensamos… E que susto eles deve ter tomado, hein!

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